quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

É Natal... cadê o Natal?

Neste final de ano, os relógios atômicos de césio serão novamente atrasados em um segundo.
Segundo os cientistas, isso ocorre porque este modo de medir o tempo não reflete a rotação da Terra, estando relacionado apenas ao ciclo próprio da radiação do referido elemento químico. A última vez que esse ajuste se fez necessário foi quando houveram os tremores que resultaram no tsunami na Indonésia, Índia e Sri Lanka, que interferiram na velocidade da rotação do planeta.

Contudo, há muito mais contido apenas neste único segundo, a começar, o fato de que a forma de medir o tempo não se encontra relacionada a um fenômeno que normalmente utilizamos para tal.
O natural seria empregar a rotação da Terra ao redor de si mesma e ao redor do Sol, correspondendo aos dias e anos, mas esse movimento é irregular. A suprema busca de precisão e linearidade não permite esses “erros” ou desajustes e buscou alguma forma mais precisa. Chegamos ao tal relógio atômico que, de fato, nada tem a ver com o Tempo como nós o conhecemos.
Este único segundo é emblemático pois representa o quanto estamos dissociados dos ritmos verdadeiros, dos ciclos naturais que ocorrem em nosso planeta, inclusive interferindo neles a ponto de, em certas localidades, não ser mais sequer perceptível.
É o progresso da humanidade...

O avanço tecnológico e as necessidades de uma economia artificial são a sustentação da vida artificial que levamos hoje e que produz uma enorme quantidade de resíduos, eufemismo para LIXO.

Chegamos ao Natal e o foco, na maior parte das pessoas em todo o mundo é o consumo, comprar e comprar, com a desculpa de dar presentes. Mas estamos em meio a uma crise financeira que, ao que tudo indica, está apenas em seu começo e que faz o dinheiro sumir do mercado gerando desemprego generalizado e, com isso, reduzindo drasticamente o consumo.

O Natal é uma festividade de recolhimento e confraternização. Encontrava-se associada ao Solstício de Inverno, no Hemisfério Norte e ao Solstício de Verão, no Hemisfério Sul. Várias lendas e mitos foram associadas a esta ocasião e posteriormente “reeditadas” pelas religiões, que os incorporaram, embora mantendo os seus princípios e assim é desde as primícias da existência do Homem no planeta.
Para quem não sabe, o Papai Noel vestido de vermelho numa carruagem puxada por renas é invenção da Coca Cola numa de suas campanhas de marketing no início do século XX. Antes existia um tal de Santa Claus, que tem uma estória controvertida, pois se mistura com a de Odin e de outros. Tenho um post a esse respeito, contando as origens do mito do “bom velhinho”.

Esta falta de sintonia e sincronia com o próprio planeta, o lugar em que vivemos, tem levado não apenas à deterioração da Terra, mas da também, da Humanidade e do que ela significa. Tornamo-nos Homo Consumus, exaurindo as reservas naturais do planeta em razão da manutenção de uma economia dissociada dos limites até do bom senso.
De fato, não se trata apenas de uma crise financeira mas, acima de tudo, de uma crise de valores, uma vez que outros movimentos que se apóiam na sustentabilidade e em justiça social deixam de ser apenas utopias tornando-se metas desejáveis de médio e curto prazo.

A recente catástrofe ocorrida em Santa Catarina (aquele furacão que devastou Houston chamava-se Cathrina...) mostrou o poder de mobilização e solidariedade da sociedade civil. Em outras palavras, ainda resta alguma louvável “humanidade” entre as pessoas.

É Natal, é ocasião de desacelerar, de acabar com os desentendimentos, especialmente os familiares e confraternizar. É ocasião para lembrar de nossos ancestrais, que não se encontram mais conosco, mas também são responsáveis por sermos o que somos. Acima de tudo, é preciso desacelerar o consumo e acelerar as relações sociais entre as pessoas, começando pelos laços consanguíneos.
É o amor que importa, expresso num abraço, numa palavra de conforto, ou apenas, em ouvir um ente mais velho.

Mas se você ainda não se convenceu, veja este vídeo com atenção e reflita...