domingo, 12 de julho de 2009

Religião, Misticismo, Mercado e Conflitos

Uma interessante configuração vem ocorrendo no céu, a conjunção entre Júpiter e Netuno.
Embora não seja visível a olho nu, não significa que não represente algum evento em nosso planeta.
Na bibliografia astrológica, encontramos que Netuno costuma refinar o que toca. Associa-se ao ilusório, ao êxtase, mas também às crenças, misticismo e religião. Júpiter possui significados semelhantes, embora de uma perspectiva mais filosófica, pois igualmente governa a religião, a ética e bem como, as pessoas responsáveis pela difusão dos conceitos associados.

Segundo Morin de Villefranche, os significados astrológicos são construídos e operam de acordo com as suas analogias. Esta conjunção ocorre no signo zodiacal de Aquário, com uma forte conotação social (alguns querem ainda, fraternal). Contudo, este signo é conhecido tanto pela engenhosidade mas também pela falta de senso prático.

Meus questionamentos, entretanto, vão noutra direção. Estou imerso no mundo cristão, e este se mostra absolutamente esfacelado, há inúmeras denominações que, felizmente, parecem caminhar na direção de uma alguma unidade, de projetos comuns, que se encontram além de suas próprias diferenças e divergências, graças justamente à dimensão social que as religiões vem agregando, notadamente nos países emergentes.

Primeiramente, gostaria de destacar as semelhanças entre religião e misticismo.
Das várias definições encontradas no Dicionário Houaiss, ficarei com uma: “8 qualquer filiação a um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, metafísica, etc.”; com respeito à misticismo, da mesma fonte bibliográfica, gostaria de destacar várias passagens: “2 crença de que o ser humano pode comunicar-se com a divindade ou receber dela sinais ou mensagens; 4 atitude mental, baseada mais na intuição e no sentimento do que no conhecimento racional, que busca, em última instância, a união íntima e direta do homem com a divindade; 6 intensa fé e devoção religiosa, frequentemente exacerbados, com traços de sentimentalismo e romantismo.”
Pelo acima exposto, nota-se que, é a mística da religiões a responsável pelos conflitos existentes entre suas várias denominações ou ainda, de uma forma ainda pior e cruel, entre as diversas religiões. Não há como dissociar a mística da religião, esta última se processa através da primeira, embora corra o risco do dogmatismo e do fanatismo.


A minha pergunta então, sob a conjunção de Júpiter e Netuno, ambos retrógrados em Aquário é porque tanta violência étnica tendo o selo das diferenças religiosas como pano de fundo nos tempos recentes? Existe alguma solução? Vislumbra-se uma possibilidade de entendimento, mesmo que a partir do prisma da diversidade de crenças?

No mundo islâmico, a recente eleição presidencial no Irã trouxe um contexto de violência que quase chegou ao nível de uma insurgência, de uma guerra civil. Em Honduras, a deposição do presidente por uma junta militar trouxe uma onda de violência ímpar. No oeste da China, vimos conflitos de extrema violência entre duas etnias, que igualmente contam com diferenças religiosas para acirrar os seus ânimos (os uigures são, em sua maioria, muçulmanos; os hans seguem os ensinamentos de Confúcio ou Buda).

Não foi difícil constatar que esta conjunção ocorre nos Termos de Marte, no final do signo zodiacal de Touro que, nesses dias, encontrava-se exilado em em seus próprios Termos.
Portanto, essa violência não terá um fim tão imediato, uma vez que Netuno ainda permanecerá nos termos de Marte por um bom tempo ainda e estimulará a violência de etnia contra etnia, sempre com uma exacerbação de componente religiosa a ditar as diferenças.


E será que existe alguma solução? É a sociedade como um todo que está vendo as suas crenças irem para o ralo. Esta semana, houve uma discussão dos BRICS no sentido de substituir o dólar como moeda utilizada no comércio exterior. Fatalmente, isso acabará ocorrendo e o “Deus Mercado” terá de se adaptar a uma composição ou engenharia financeira diferente da que estamos acostumados.
Em 2012, Júpiter estará em Gêmeos, em seu Exílio. Contudo, as combinações astrológicas para esta época são interessantes: quadratura com Netuno, agora em Peixes, a quem governa; sextil com Urano, em Áries; e trígono com Saturno, em Libra, repetindo uma configuração recente, mas agora ocorrendo nos signos do elemento Ar.
Assim, a solução encontra-se realmente no âmbito do universo místico-religioso, de cunho universalista, como solução para manter as relações e tratados (especialmente os comerciais), mas particularmente, as relações sociais. 2012 será um ano de reestruturação da sociedade, que nesse anos ainda terá resultados frágeis e talvez ocorra em dois âmbitos. Por um lado, as instituições e as organizações talvez não tenham mais a mesma importância que tem hoje, em virtude das mudanças do polo financeiro. Por outro lado, a sociedade tenderá a se agrupar em células que se auto-regulam, em comunidades alinhadas com as suas realidades locais, mesmo que sob a bandeira das organizações em que hoje se encontram (não acredito em revolução, guerra civil, etc...).
E é neste âmbito que o modelo social que tem como base a religião oferece uma alternativa inteligente, funcional e prática, ao mesmo tempo que, de extrema simplicidade. A continuar a integração entre as várias denominações, especialmente neste campo, é o caminho que podemos esperar para o nosso futuro. E aí, em razão das próprias necessidades (manutenção e preservação do planeta, da vida e do trabalho), é que poderemos pensar em um pouco de paz.
Estaremos lá para ver, falta pouco tempo.