terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O papel do astrólogo no século XXI

A Astrologia tem cerca de seis mil anos e, desde a sua origem, passou por várias revisões e mudanças de enfoque e abordagem. Contudo, em razão da complexidade e amplitude do conhecimento que envolve, sempre esteve nas mãos de uma elite capaz de refletir sobre o seu conteúdo.
Filosofia e Ciência sempre dialogaram entre si e assim, contribuíram para introduzir a Humanidade ou o indivíduo num contexto apropriado à época. A Astrologia sempre teve o mérito, em razão de sua transdisciplinaridade, de se situar entre as várias correntes do pensamento e atividades humanas.

Até o início do século XX, o enfoque do saber Astrológico sempre se dirigiu às questões preditivas. É claro que houve mudanças ao longo dos vários milênios quando a pergunta era "o que vai acontecer depois?" Os objetivos individuais e coletivos aperfeiçoaram-se ao longo do tempo e assim, a própria Astrologia se refinou em suas interpretações. Porém, um fato é claro: o papel do astrólogo declinou, especialmente a partir do século XVIII.
É possível refazer a mesma pergunta então: qual é o papel do Astrólogo em nossa sociedade?

Cientista ele não é. A maior parte dos astrólogos desconhece os princípios de astronomia que se encontram na raiz do movimento dos astros que interpretam. Com o advento do computador e da internet, também não fazem a menor idéia dos procedimentos de cálculo necessários para obter um gráfico astrológico. E, a questão principal, que é o fato de que o conhecimento Astrológico não se reduz a um modelo que possa ser reproduzido como uma experiência científica.
Filósofo? Poucos são aqueles que se debruçam a refletir sobre o comportamento humano, seja no coletivo como no individual e suas implicações com os movimentos celestes e suas combinações. Mas é a própria Filosofia, à medida que reflete sobre o conhecimento humano, quem dá pistas do papel que pode ser assumido pelo astrólogo diante da Astrologia.

Essencialmente, os astrólogos trabalham realizando consultas. Existem vários métodos e o campo de estudo é tão vasto quanto o conhecimento humano. Qualquer tema pode ser abordado, avaliado, ponderado e interpretado, desde questões de natureza individual como coletivas ou institucionais.
Por outro lado, após a Revolução Industrial, a própria sociedade passou por diversas mudanças que, neste início de milênio, vem culminando com as tentativas de unir as nações em torno da preservação do planeta e da humanidade. Duas linhas de pensamento e conduta caminham lado a lado: sustentabilidade e responsabilidade social.

Torno a fazer a pergunta: qual o papel do astrólogo neste contexto pós-moderno? Onde poderia se inserir, com o seu saber e prática, de tal modo que seja eficaz a partir de sua atividade?
Nossa sociedade é formada, há décadas, de especialistas, algo que raros astrólogos o são. Astrólogos ainda são vistos como personagens folclóricos que consultam os astros quase como videntes (sei que a imagem é exagerada...). E este tipo de indivíduo, em nossa sociedade, tende a perder ainda mais a sua importância e relevância se não se inserir, não dirigir o seu saber transdisciplinarmente para a própria sociedade na qual vive.

As Ciências Teológicas, nas últimas décadas, tem se aproximado das Sociais e vice-versa, trocando entre si muitas informações e experiências, a ponto de quase adotarem uma linguagem comum. Em ambas, encontramos uma preocupação com a prática da cidadania, independente de disposições reguladas pelo Estado.
Vivemos uma época paradoxal em que a liberdade individual chegou ao seu clímax, a ponto de termos de pensar coletivamente para tentar salvar o planeta. Mas, ao mesmo tempo, a maior parte da população do planeta ainda vive à margem dos benefícios proporcionados pela dita liberdade individual, existindo em condições que restringem sua própria sobrevivência e existência.
Pessoalmente, acredito que este seja o caminho que deva ser trilhado pelo astrólogo pós-moderno, numa visão socialmente ampliada, participativa em sua comunidade, efetivo em sua atuação como agente de mudança e junto de instituições que lhe deem suporte.

Predizer o futuro ou desenvolver potencialidades? O desenvolvimento de potencialidades, se ocorre coletivamente, é multiplicadora e geradora de oportunidades. O gráfico astrológico é, acima de tudo, um instrumento de exercício e aprendizado que, adequadamente empregado, pode levar a um maior desenvolvimento humano e maior inserção social. Neste caso, o astrólogo passa a ser um orientador ou facilitador, despertando o "cliente" para suas habilidades, sugerindo instrumentos de superação de dificuldades e obstáculos associados a sua própria natureza. Em larga escala, poderíamos vislumbrar mais indivíduos aprendendo, estudando e trabalhando, mas centrados em sua essências e motivações. Num estágio seguinte, pode-se pensar numa atividade semelhante voltada para as equipes, famílias, grupos de estudo ou trabalho...

É preciso mudar a postura do astrólogo, bem como a sua linguagem. Há um trabalho a ser feito, uma vez que este tem de descer de seu pedestal. Porém, as possibilidades de êxito são exponenciais:
  • Mapa Natal: potencial individual, metas, objetivos.
  • Combinações de mapas natais: elaboração de equipes e grupos voltados para objetivos precisos.
E, quem sabe, a pessoa mais indicada para estar ao seu lado em sua equipe de trabalho não seja justamente aquela que ainda não teve oportunidade de estudar e está só esperando uma chance?